Você Pode Estar Sendo Espionado Dentro De Casa

Você sabia que pode estar sendo espionado remotamente dentro de sua casa por algum estranho? E pior: que seus dados pessoais, como senhas, acesso a aplicativos de celular, fotos, vídeos e mensagens pessoais, correm o risco de serem roubados? E não estou falando somente dos seus dados, mas de todos os familiares que estão conectados na mesma rede doméstica de internet.
Imagine que um ladrão entre na sua residência na calada da noite e faça um “limpa” nos seus pertences pessoais e domésticos, ou enquanto sua família está ausente. Ao chegar em casa ou ao acordar pela manhã, é que descobre que foi roubado. Uma situação muito chata e invasiva, mas que não está restrita a uma ação presencial. A invasão cibernética tem sido cada vez mais frequente e de maneira mais eficiente, de modo a evitar que a vítima desconfie enquanto é espionada.
Mas engana-se quem pensa que a espionagem acontece somente por meio do celular. Outro aparelho que tem marcado cada vez mais presença nos lares brasileiros faz um trabalho silencioso e inescrupuloso enquanto você e sua família assistem a um filme, uma série ou um jogo ao vivo. As TVs box piratas têm sido uma ameaça à segurança digital de milhares de famílias. Isso mesmo, o que aparentemente seria uma forma de economizar nos custos de um pacote de entretenimento pode se tornar um tormento de alta fatura aos usuários.
Contudo, antes de entrar nos detalhes, vou abordar sobre a espionagem por meio do celular. Para conseguir acesso ao celular da vítima, os hackers utilizam um app espião, ou spyware, que pode ser instalado manualmente ou via phishing. Alguns sinais básicos indicam que o seu aparelho de smartphone está sendo espionado. Fique atento ao aumento fora do comum no uso de dados móveis e também no consumo de bateria do celular. Em ambos os casos, esse acréscimo fora do padrão acontece principalmente se o “espião” utilizar a câmera e o microfone do aparelho ou tiver acesso aos seus vídeos. O app espião atua em segundo plano, ou seja, sem que o usuário perceba, e o aparelho da vítima precisa estar conectado a uma rede. Quando isso acontece, o aparelho aquece além do normal, o que é outra pista de que há algo errado. Ruídos estranhos durante uma ligação, acender a tela sozinho, notificações de aplicativos desconhecidos ou mensagens de SMS que não fazem nenhum sentido também são indícios de que seu celular pode estar sendo vigiado.
A maneira mais prática de averiguar se há algo de errado no seu aparelho é fazer uma checagem constante dos aplicativos instalados. Se não reconhecer um app, remova imediatamente. Use senhas fortes para bloquear o celular e evite deixá-lo à mostra quando não estiver por perto. Já no caso da TV box pirata, a questão é mais séria. Além de ser ilegal e, portanto, seu usuário se enquadrar na prática de crime, existe o risco real de espionagem e roubo de dados numa proporção ainda maior do que a invasão praticada pelo celular. Quando conectados a uma rede Wi-Fi, esses aparelhos dão brecha para que hackers invadam celulares, computadores e outros aparelhos ligados à mesma rede. Ou seja, a família inteira pode ser comprometida e até serviços online sofrerem um ataque cibernético. Essas TV boxes piratas permitem a instalação de programas maliciosos, os malwares, que ficam escondidos no sistema.
Testes laboratoriais feitos pela Anatel constataram que esses equipamentos, quando manuseados remotamente por hackers, conseguem acesso total à rede doméstica. Conteúdos como fotos e vídeos particulares, mensagens de WhatsApp, senhas de redes sociais e dados bancários ficam fragilizados nas mãos de espiões cibernéticos. O acesso à câmera ao vivo e ao microfone também é uma possibilidade. O detentor de uma TV box pirata ainda corre o risco de participar de uma conspiração cibernética sem ter a mínima noção do que está acontecendo. Ainda de acordo com investigações da Anatel, ao utilizar milhares de aparelhos de uma vez, hackers conseguem derrubar sites privados e até serviços de órgãos públicos conectados à rede.
Dados da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA) apontam que o Brasil tinha cerca de 10 milhões de aparelhos ativos em 2024. Em fevereiro deste ano, a Anatel retirou de circulação mais de 1,4 milhão de aparelhos piratas. Para evitar problemas, a recomendação é adquirir somente aparelhos homologados pela Anatel e, de preferência, que sejam de marcas conhecidas e que contenham informação sobre a certificação e o selo da Anatel. Ao deparar com anúncio de produto que permite acesso livre e irrestrito a uma grande quantidade de canais, o consumidor pode saber que se trata de um aparelho pirata. No site da agência, o usuário tem acesso à relação completa de modelos de TV box homologados.
Fonte: Jornal de Uberaba
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