Sthefano Cruvinel, CEO da EvidJuri, Analisa Regulação das Redes Sociais em Artigo no Estado de Minas

A regulamentação das redes sociais tem ganhado espaço em debates globais, envolvendo órgãos internacionais, governos, empresas e, em menor grau, a sociedade civil. Não que falte interesse do público, mas boa parte das informações que chegam aos usuários vem justamente por meio dessas plataformas. As pessoas se acostumaram a consumir notícias e acontecimentos abrindo um aplicativo no celular. E é aí que está o problema.
As redes sociais buscam, acima de tudo, reter a atenção do usuário. Quanto mais tempo alguém passa deslizando o dedo na tela, maior a chance de visualizar anúncios e, consequentemente, gerar mais lucro para as empresas de tecnologia. A ausência de regulamentação não representa um problema para essas companhias. Já a possibilidade de uma legislação que imponha limites e responsabilidades, sim.
Quando um tema polêmico é publicado, o engajamento explode. Todos querem opinar, tomar partido, compartilhar a postagem. Mesmo os que não se posicionam acabam repassando o conteúdo, ampliando seu alcance. Essa dinâmica aumenta a relevância das plataformas e prende os usuários. Por isso, algumas empresas têm reduzido a moderação e flexibilizado regras que antes filtravam determinados tipos de conteúdo. Isso abre espaço para a proliferação de postagens ofensivas, violentas e discriminatórias.
As redes entregam aos usuários o que eles mais buscam, como se houvesse um programador dedicado a cada pessoa. Mas, por trás da tela, não há funcionários, e sim um algoritmo, esse mecanismo sofisticado que aprende constantemente e parece saber mais sobre cada usuário do que ele próprio. O algoritmo nada mais é do que um conjunto de regras e instruções criadas para resolver um problema ou executar uma tarefa. Sua lógica é sistemática e envolve entrada e saída de informações mediadas por diretrizes pré-definidas.
O termo algoritmo remonta à Idade Média e deriva do nome de Muhammad ibn Musa al-Khwarizmi, astrônomo persa do século 9, considerado o pai da álgebra. Embora hoje esteja associado à tecnologia, sua aplicação vai muito além: qualquer tarefa estruturada pode ser descrita por um algoritmo. Um exemplo simples? Uma receita de torta. Os ingredientes são os dados de entrada, o modo de preparo são as instruções e o resultado final é o prato pronto. O mesmo vale para montar um móvel ou construir uma casa. Pular uma etapa compromete o resultado.
A complexidade dos algoritmos cresce à medida que se expandem os cenários que devem cobrir. No aprendizado de máquina, por exemplo, os modelos são treinados para atender às demandas de quem os desenvolve. Grandes empresas utilizam essa tecnologia para moldar o consumo e influenciar comportamentos. O recente anúncio da Meta sobre o fim do programa de verificação de fatos em suas redes nos Estados Unidos indica uma flexibilização na filtragem de conteúdos, permitindo que temas antes suprimidos cheguem ao público. A consequência pode ser um aumento da polarização política e da disseminação de desinformação.
Certa vez, vi uma enquete em um perfil regional com a proposta: "Defina Donald Trump em uma palavra". O que deveria ser uma simples questão virou um campo de batalha entre elogios e críticas ao presidente dos EUA. Publicações políticas geram reações e, na maioria dos casos, servem para impulsionar o engajamento. Com a mudança nos mecanismos de controle, algumas plataformas adotam moderação automática das postagens, o que significa menos filtros e mais liberdade de expressão – ainda que isso, em alguns casos, resulte em discursos de ódio, reações violentas e proliferação de notícias falsas.
Se haverá uma reviravolta, ainda não sabemos. O fato é que as redes sociais encontraram um terreno fértil na era digital e globalizada. E seus criadores, agora no topo da pirâmide, seguem ditando as regras do jogo. Assim caminha a humanidade.
Fonte: Estado de Minas
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