Jobs x Blackberry

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Empreendorismo
26/02/2024
Jobs x Blackberry
A trajetória do sucesso de declínio da big tech canadense deixa muitas lições no mundo corporativo e um alerta sobre a disrupção tecnológica.

O que a ficção e a realidade têm em comum? Muito mais do que a nossa razão possa imaginar. Longe de querer ser um crítico de cinema ou especialista no assunto, recentemente uma pausa para assistir a um filme na televisão me chamou a atenção para um comparativo inevitável. E mais ainda: uma reflexão sobre os caminhos que os avanços tecnológicos podem nos conduzir.

Lançado no fim de 2023, o filme “BlackBerry” (disponível no Amazon Prime) conta a história da ascensão e declínio dos aparelhos precursores do smartphone. Fabricados pela então empresa canadense Research in Motion - atual BlackBerry -, os aparelhos com teclas pretas chegaram a liderar as vendas em 1996 e se mantiveram em alta até o fim da primeira década seguinte, chegando a abocanhar 45% do mercado americano. O próprio ex-presidente Barack Obama era um fã do smartphone.

Mas, o que poderia ser uma trajetória bem sucedida e sólida de empreendedorismo tecnológico se transformou em pouco tempo num exemplo de fracasso corporativo a curto prazo. Hoje, a BlackBerry detém 0% do mercado de smartphones e tablets e se limita à produção de softwares de cibersegurança.

E o que a levou a essa derrocada? Antes de citar alguns pontos, vale uma breve comparação com outra gigante tecnológica, esta sim, com história bem diferente da concorrente. A Apple, que em 2010 não figurava nem mesmo entre os cinco primeiros do ranking, alcançou no fim de 2023 a liderança do mercado global de smartphones pela primeira vez, desbancando a Samsung. A história de ascensão da Apple é intrinsecamente ligada a de seu cofundador Steve Jobs.

E aqui vale a comparação que citei logo no início desta coluna. Quem assistiu ao filme “Jobs” percebe logo que suas ideias disruptivas e sua persistência e foco em inovação o conduziram ao sucesso. Evidente que sua personalidade forte e por vezes arrogante fragilizou suas amizades e relacionamentos pessoais.

Mas, o jovem hippie com pouco foco nos estudos nunca abriu mão de acreditar em suas ideias e de apostar em soluções disruptivas que o colocasse na vanguarda em relação aos concorrentes.

Os fundadores da BlackBerry tinham o mesmo potencial de mercado, porém faltaram-lhes recursos imprescindíveis para a sobrevivência no mundo corporativo, como um olhar visionário, pensamento disruptivo e inovação. Queriam fazer e emplacar a mesma coisa enquanto a concorrência oferecia algo novo, atrativo e que atendesse às necessidades do consumidor. Ou seja, insistiram no smartphone com botões enquanto a Apple lançava o primeiro Iphone com tela touchscreen.

Desde o ano passado, a BlackBerry não produz mais nenhum aparelho, enquanto a Apple acaba de lançar o Iphone 15. Outro erro crasso da big tech canadense foi a falta de sintonia de seus CEOs. A empresa foi fundada por dois nerds desajustados e endividados que se aliaram a um executivo inescrupuloso. Um não sabia o que o outro estava fazendo.

De um lado, a genialidade sem uma visão empreendedora, de outro, um empresário que só enxergava cifrãos na sua frente e que negociava com outras empresas do ramo sem entender na essência o que era tecnologia.

Fonte: Jornal de Uberaba

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